Não sei se sou a única. Mas sempre que alguém morre fico
extremamente pensativa. Penso em tudo. Em tudo mesmo e torno-me numa maníaca do
pensamento. Analiso todos os meus passos. As pessoas que deixei para trás, as
que tenho a meu lado e aquelas que entraram agora na minha vida. Penso ao ponto
de conseguir dissecar momentos da minha vida dos quais achava que já nem sequer
me lembrava.
Não sou amiga da morte. Não tenho propriamente medo dela.
Mas tenho-lhe muito respeito. Imenso respeito aliás. E fico sempre a pensar o
que passa pela cabeça de uma pessoa para acabar com a sua própria vida. Acabo
sempre por me sentir chateada, revoltada e magoada porque quem escolhe tirar a
sua própria vida são sempre as pessoas que aparentam ser mais animadas,
confiantes e bem-dispostas.
Não estou aqui a tirar coelhos da cartola. Infelizmente, já
tive uma situação assim na minha vida e, como é óbvio, não o desejo a ninguém.
Por mais tempo que passe continuo a remoer nas mesma dúvidas e nos mesmos “e
se’s…” que parecem ser intermináveis.
De cada vez que uma pessoa bonita, saudável e alegre acaba
com a sua própria vida eu volto a pensar e a pensar. E claro, lembro-me de ti
amigo.
É tão estupido as pessoas só se lembrarem que gostam das
outras quando as perdem. Depois de morrerem, subitamente, as pessoas passam a
ser santos. Seres adoráveis que merecem a nossa admiração eterna. E é mesmo
assim. É assim que a nossa sociedade pensa, vive e se alimenta. Vivemos num
mundo cheio de nadas onde só somos lembrados e amados depois de partirmos para
bem longe, para um local onde esperamos receber um pouco mais de carinho e de
amor.
Por isso, se gostam de alguém não se contentem com a certeza
indefinida de que essa pessoa sabe o quanto gostam dela, o quanto a admiram e o
quanto precisam dela na vossa vida. Às vezes as pessoas estão tão perdidas que
um simples “obrigada por existires” pode ser a sua chave de salvação.